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08/12/2009

3 Tristão Garcia: 100% de probabilidade de falar besteira

Fluminense

Antes de mais nada, parabéns aos rubro-negros pelo campeonato. Fico feliz pelo meu Filho e pelo Andrade, grande jogador, grande pessoa e quiçá um grande técnico.

Voltemos ao assunto do post: como é fácil falar besteira! Como é fácil a imprensa se iludir e querer iludir o público! Não existe besteira maior que “segundo o matemático Fulano de Tal, a probabilidade do time A ...”. O certo seria: “segundo o palpiteiro Fulano de Tal, a probabilidade do time A ...”.

O resultado de um jogo é um evento caótico, diferente do arremesso de um dado. Se você estudar o dado, você pode prever a probabilidade da ocorrência de um número. Por exemplo, num dado não viciado, a probabilidade de ocorrer número ímpar em um lançamento é de 50%. Isso é matemática. Agora, dizer que a probabilidade do time A vencer é de 38%, do time B vencer é de 34% e de dar empate é de 28%, isso é chute, palpite, qualquer coisa, menos matemática.

Mas e se olharmos pro passado? Qual passado? Quantas vezes aqueles dois times se enfrentaram na mesma situação? Mesmos jogadores, mesma situação emocional, mesmas condições físicas, mesmos técnicos, mesmos juízes e bandeirinhas, mesmo estádio, mesmas condições climáticas, mesma presença e entusiasmo das torcidas, etc.? Acreditem, o resultado é caótico, o que está longe de corresponder que a possibilidade do Santo André vencer o Internacional no Beira Rio seria maior que a de perder. Notaram? A possibilidade, diferente de probabilidade. Mas, e se a derrota do Inter impedisse um título ou provocasse o rebaixamento do Grêmio? Quem apostaria um centavo no Inter?

Fatos externos ocorriam e as probabilidades não se alteravam. O Fluminense passava de fase na Sul-Americana, significando mais jogos, mais viagens, mais desgaste físico e menos treino, e a probabilidade dele cair não aumentava. O Fluminense perdeu Maicon e Digão, e a probabilidade dele cair não aumentou. O São Paulo teve 3 jogadores suspensos e a probabilidade dele ser campeão não diminuiu. O Flamengo perdeu o Maldonado, e a probabilidade dele ser campeão não diminuiu.

Na última rodada, de 9 combinações possíveis apenas 1 era desfavorável ao Fluminense: vitória do Coritiba e vitória do Botafogo. Um evento em nove (11%). Entretanto, a probabilidade do Fluminense cair era de 29% (segundo o palpiteiro Tristão, mais triste do que nunca, Garcia). Isso equivale a dizer que a probabilidade do Coritiba vencer era de 58% e a do Botafogo 50% (ou vice-versa). Podia ser também 40% e 73%, 45% e 65%, 53% e 55%, etc. Analisando as campanhas, considerando o retrospecto em casa e fora, nada corrobora esses valores. Chute, palpite, e nada mais. O correto é mostrar os dados que alimentam os resultados, para que o torcedor possa avaliar o grau de confiança.

Peçam aos matemáticos de plantão o cálculo de probabilidades nos campeonatos do Cazaquistão, do Azerbaijão, etc. Entretanto você pode prever a probabilidade de tirar um 7 num jogo de dados em qualquer experimento, em qualquer lugar do planeta, onde os dados não sejam viciados. Matemática não tem fronteiras, palpite sim.

O matemático poderia criar um modelo e oferecer aos comentaristas e analistas de futebol. A média dos palpites seria divulgada. E a imprensa poderia então anunciar: “segundo o modelo matemático do Fulano de Tal e dos palpites de Sicrano, Beltrano, etc, a “probabilidade” do Botafogo atrapalhar a vida do Flamengo é zero”.

Pro Brasileirão 2010, farei um programa onde cada um de vocês poderá colocar as “probabilidades” relativas a cada jogo. Assim, vocês verão as “probabilidades” de ser campeão, de se classificar para a Libertadores, de rebaixamento, e a pontuação necessária para cada um desses eventos, segundo os palpites de vocês, sejam matemáticos ou não.

PS1: a possibilidade do Fluminense cair era extremamente alta em determinado momento do campeonato. Tinha mais fé numa escapatória do que qualquer outra coisa.

PS2: a possibilidade de um carioca cair então era altíssima. Ainda bem que ambos escaparam.

PS3: a possibilidade de voltar a freqüentar estádio com essa diretoria de fdp é baixíssima.

Saudações Tricolores!
Antonio Machado - Fluminense

3 comentários:

Michele disse...

Muito bom, Antonio!! Conversamos várias vezes sobre esse mesmíssimo assunto e só agora esto convencida.
Adoro olhar as análises dos matemáticos. Mas - vc tem razão - elas são frias, não acompanham os fatos, não sabem falar a língua do futebol!!

ModenHEXA disse...

Antonio, como engenheiro, achei perfeita a sua análise... Esses cálculos estão completamente furados... Até porque também tem influência de fatores completamente exógenos como temperatura, público, condições climáticas, que são (em termos) imprevisíveis!

Exemplo: Quando cai uma chuva muito forte como caiu no jogo Fla x Inter, aumenta a probabilidade de um empate. Com um tempo mais quente, na teoria, aumentam as chances de times que treinam em locais mais quentes, essas coisas...

Portanto, concordo plenamente com vc... Belíssimo ponto de vista!

Obs:Chega dessas modinhas de Globo de percentual matemático, batimento cardíaco de torcedor e supercamera lenta no meio do jogo!!!! Deixa isso pro intervalo porra!!! No meio do jogo quero ver meu time!

Gustavo Pessôa disse...

Falo isso tem tempo. Matemática nao combina com futebol. Futebol não é lógico, logo não pode ser visto dessa forma.

Eu só acredito em 100%.