12 O fim de uma geração de fanfarrões

Lembro até hoje de ter visto quando criança um jogador corinthiano comemorar imitando um porco após fazer um gol em cima do Palmeiras. Também lembro de uma discussão quase sem fim de quem era o rei do Rio até o maior deles virar e falar: “Rei tem vários. Mas Deus só tem um!”. E como me esquecer da famosa declaração de que colocando um paraíba para apitar na Paraíba, só pode nos prejudicar?

Muitos dirão que é bom esses fanfarrões estarem entrando em extinção porque só atrapalha o profissionalismo do futebol. Já eu penso totalmente o contrário. Eu acho que futebol é popular, e o povo brasileiro é fanfarrão geneticamente. Toda junção de AA com aa no Brasil gera um ser irônico, debochado e bem humorado em potencial. Aí cada um desenvolve e põe em prática em diferentes níveis.

E foi tendo isso tudo no inconsciente, e uma parte no consciente, que vi no último domingo um Viola gordo entrar no segundo tempo da final. E pensei que é uma pena, mas a geração dos fanfarrões está acabando. Romário, Edmundo, Renato Gaúcho, Túlio, Viola. Quem não se aposentou ou está prestes a fazer isso ou ainda está pensando em jogar num time que nem entra na Copa do Brasil. E assim as minhas risadas no futebol vão entrando em escassez também.

Porque o que movimenta um clássico e as nossas bochechas em direção às orelhas são declarações como “agora a corte está completa: o rei, o príncipe e o bobo”, promessas de gols, danças da bundinha na lateral ou simplesmente entrar no jogo sentado no carrinho da maca sem autorização do árbitro e já ganhar um cartão amarelo. Mas agora só nos resta dar as últimas risadas ao vivo, relembrar nos baús do esporte da vida, criar um site www.fanfarrõesdofutebol.com.br e ficar repetindo as famosas tiradas no dia-a-dia (inclusive em situações que não tem nada a ver com futebol). Até porque esses fanfarrões são, ou foram, mais que jogadores mesmo.

Leo Valpassos - Vasco