(OBS: leiam o post do Victor abaixo – a sinceridade do texto e o vídeo são imperdíveis)O Fluminense foi campeão da Copa do Brasil do ano passado com um grupo desacreditado. Quase caiu dentro do Maracanã pro ABC. Resolveu jogos importantes fora de casa, calando a Fonte Nova e a Arena da Baixada. Foi campeão com um time questionado, mas que sempre acreditou em si e, mesmo quando todos davam como certa a permanência da taça em Floripa, nós fomos lá buscá-la (Obrigado, Roger! Obrigado Marcelo! Obrigado Thaissa!). E, junto com a taça, veio o bilhete para a Libertadores.
O Fluminense acreditou no grupo. Trouxe as peças necessárias para disputar uma competição com um grau de exigência maior. Vieram Washington, Dodô, Conca, Gabriel, Luiz Alberto, Ygor. Permaneceram no grupo, firmes e fortes, FH, Thiago Silva, Junior César, Arouca, Thiago Neves (que era banco na Copa do Brasil), Cícero, e o Roger, não podemos esquecer do Roger. E ficaram os comandantes, o de campo – Renato – e o de fora de campo – Branco.
E veio a Libertadores. E com ela, uma série interminável de provações.
FLUMINENSE CAI NO “GRUPO DA MORTE” E VAI ENFRENTAR O CAMPEÃO PARAGUAIO, O CAMPEÃO EQUATORIANO E O CAMPEÃO DA COPA SULAMERICANA.Esqueceram que o Fluminense também era campeão, Campeão do Brasil, e jogou como tal.
Jogo a jogo, fomos derrubando mitos e mostrando ao continente quem é o Fluminense.
Nossos primeiros 45 minutos foram intermináveis – a bola voando na altitude, passes de 3 metros errados, o meia-direita da LDU partindo freneticamente pra cima do Junior César (bravo Junior César), FH começando a dar mostras de que incorporara São Castilho. No segundo tempo fomos bem, e o susto passou. 0x0 fora, bom começo.
FLUMINENSE PEGA O PRIMEIRO DESAFIO DE VERDADE: UM TIME ARGENTINO. Os rivais lembraram do Ferrocaril, mas provamos que a história agora é outra. Com exibição de gala, mas sempre com seriedade, buscando o gol, fizemos uma partida memorável diante de um Maraca exultante.
FLUMINENSE ENCARA O CAMPEÃO PARAGUAIO FORA DE CASA: AGORA É PRA VALER. Pois foi, e Washington mostrou duas vezes em 90 minutos que o Fluminense é grande lá dentro também. E depois, no Maracanã, fez o dever de casa.
Eis que veio a primeira derrota. E logo para um argentino, o mesmo que nos assistira jogar no Rio. Um jogo péssimo, desleixado, sem vontade, com nosso 10 sendo expulso. Desconfiança: será que o time tem maturidade suficiente para seguir em frente? O grupo e a torcida nunca duvidaram.
AGORA VALE O PRIMEIRO LUGAR: TIRA-TEIMA CONTRA A LDU. E Cícero foi ao terceiro andar liquidar qualquer pretensão rival – o primeiro lugar é nosso.
MATA-MATA, “AGORA COMEÇOU A LIBERTADORES”. O FLUMINENSE VAI PEGAR O TIME COLOMBIANO QUE DEU UM CANSAÇO NO SÃO PAULO. E ganhamos lá, com um petardo certeiro do Conca, grande Conca! Mas aí veio o jogo morno em casa (salve Roger!) e tentaram nos colocar a pulga atrás da orelha de novo. Não, obrigado.
AGORA É PRA VALER: FLUMINENSE ENCARA O GRANDE CAMPEÃO SÃO PAULO NO MORUMBI LOTADO. Gol deles com menos da metade do primeiro tempo. Torcida deles entoa “...tricolor vai golear...”. Vai nada. Pegamos no jogo, Conca deixou seu cartão de visitas, e um empate lá não teria sido injusto. E, apesar do 1x0 contra, foram os bravos 4 mil que falaram mais alto que a grande maioria são-paulina. Tricolor? Só o verdadeiro. Na saída pro vestiário, os jogadores levantaram suas cabeças ao ouvirem, mais alto do que qualquer outro som naquela noite, o prenúncio da torcida tricolor: “Vamos virar Nense!”
ADRIANO VOLTA À SELEÇÃO. E aí o Dunga deu moral logo pro melhor jogador deles, às vésperas do jogo. E meus amigos são-paulinos (sim, porque afinal de contas, moro em São Paulo) assinavam seus e-mails com “Abraços, Semifinalista”. E não foram poucos os que já imaginavam a beleza de um Boca x São Paulo. Mas esqueceram de perguntar o que o Fluminense achava. E nós não achamos nada, nós fomos lá buscar. Nada nunca veio de graça e não seria agora. Dodô fez o gol mais bonito da sua vida num chute mal dado. E Thiago Neves pegou a bola com as mãos, sem ninguém ver, e colocou na cabeça do Coração Valente Guerreiro Tricolor, que subiu um metro acima de três torres e nos devolveu a alegria de viver. O mundo ficou suspenso pelo alívio e pelo prazer, mas só por uma fração de segundo. Logo voltamos as atenções ao próximo monstro.
FLUMINENSE ENCARA O BOCA JUNIORS EM DUELO HISTÓRICO. E logo vieram as ‘frases de incentivo’: “o Boca é diferente, na Argentina é massacre, não tem Bombonera mas os caras vão aloprar assim mesmo”. E veio o gol deles, logo aos 11 de jogo, logo numa trama anunciada entre os três craques do time. O time desmoronou? Não. De um Thiago pra outro, gol do melhor zagueiro do Brasil. E o Fluminense dava as suas caras em plena Buenos Aires. E a torcida tricolor, 2 mil trilhões de vozes, soava alto em plena Avellaneda, e me fazia cantar junto, empurrando o time, invejoso por não poder estar lá, mas feliz por estar tão bem representado. A pressão veio e então o garoto de Bauru, tricolor por opção, decidiu que dali em diante se tornaria o melhor goleiro do Brasil. Os argentinos ainda não sabem, mas viram ali a guinada na carreira do futuro camisa 1 da seleção. Numa mão que não foi mão, o 10 deles fez o que sabe fazer melhor. E nós, o que fizemos? Fomos pra cima deles, e por pouco Washington não empata num voleio, fuzilando o goleiro, que gastou toda a sua sorte naquele lance. E então o nosso 10 mostrou que também sabe fazer o que lhe cabe. Empate lá, quem imaginaria? Pois, digo eu, a torcida tricolor imaginaria, porque acredita no time.
O BOCA JUNIORS GOSTA DE RESOLVER FORA DE CASA. “Fizeram isso contra o Atlas, não viram?”
Eis aí mais uma provação em nosso caminho. Não será a primeira, e, se Papai do Céu ajudar, não será também a última. Eles são fortes? Têm mística, história, algumas Libertadores na conta? Sim pra isso tudo. Mas esse Fluminense, esse grupo, essa torcida, essa força sobrenatural inexplicável, tem a seu favor a si mesmos, a paixão que nos une como um único ser, um ser nascido antes do nada, planejado pelo Homem lá de cima para ser a nossa referência maior nesse mundo terreno. Acima de tudo e de todos, sempre.
Como diria o mestre, “Tricolores do céu e da terra, uni-vos”. Precisamos de todos nós juntos, numa mesma vibração, numa mesma voz, um único e indestrutível guerreiro, abençoado por (João de) Deus. O monstro está ferido, mas (ainda) não derrotado – precisamos de todas as nossas forças para cortar de vez a sua cabeça.
Agora é a hora. A hora de jogar tudo, de entrar em campo com 80.011 jogadores, mais os que estarão lá de espírito, assistindo de casa, do bar, de outra cidade (ajuda a gente de novo, primo ‘pé-de-galo’), de outro país (vambora Renan), de outro mundo (contamos com vocês, dona Helena, seu Lúcio, mestre Nelson, Mário Lago...) – entremos em campo com todos os que amam o Flu estejam onde estiverem.
Vai dar Fluminense. Vai dar Fluminense. Vai dar Fluminense!
Saudações Tricolores
Fábio Sá - Fluminense