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13/06/2008

1 O jogo mais difícil do mundo



Faltam 12 dias para o jogo mais difícil do Fluminense na Libertadores. Engana-se quem acha que os confrontos contra os poderosíssimos São Paulo e Boca Juniors foram o clímax desta competição. Foram verdadeiras batalhas, sofridas epopéias futebolísticas, mas que não nos proporcionaram nada, a não ser a passagem para uma fase ainda mais dura, ainda mais sofrida, ainda mais difícil – o derradeiro enfrentamento pela conquista da América.

Nada nunca veio de graça para o Fluminense. Nada nunca nos foi dado, tudo o que temos foi conquistado, e com muito suor. E desta vez não será diferente. Nossa campanha é impecável: líder do Grupo da Morte, maior pontuador, eliminou o escolado SPFC, eliminou o atual campeão e favoritíssimo Boca. Mas só entrará para a história se a seriedade e a dedicação que nos trouxeram até aqui continuarem a ser as palavras de ordem até o apito final do segundo jogo da final, no Maracanã.


Por que tudo isso?

Não é um puxão de orelha, nem nada. Não acho que o time nem a torcida estejam pensando diferente de mim. Pelo menos não a grande maioria. Mas esse foco e essa consciência de responsabilidade têm que ser, em algum momento, externalizados, verbalizados – têm que deixar de ser parte de um inconsciente-coletivo-tricolor para tornarem-se uma cartilha-explícita-e-colada-na-parede-tricolor. E esse momento é agora, desde já, há menos de duas semanas para o jogo mais difícil das vidas desses jogadores e das nossas.

E o que significa isso? Significa jogar sério demais desde agora (e não tomar um gol ridículo no último minuto de jogo contra o Santos). Significa se preocupar única e exclusivamente com Quito ao invés de fazer planos para Yokohama (desculpa, seu Carlos – mas não foi só você, fique tranqüilo). Significa mandar praquele lugar todo molambo que vier falar que vai ser muito legal ver o Thiago Silva marcando o Cristiano Ronaldo.

Cristiano Ronaldo é o cacete! Vai ser difícil demais marcar os caras da LDU, que chegou à final com total mérito e não está lá de brincadeira. Que, para estar lá, eliminou o América (que eliminou o Santos e o Mal) e o San Lorenzo (que eliminou o River). Vai ser difícil jogar no estádio deles com 45mil caras contra, na altitude. Vai ser difícil segurar um meio-de-campo habilidoso, um ala direito que é a revelação da competição e uma dupla de atacantes que não perdoa se a zaga vacilar. E, Deus me livre, mas vai ser difícil buscar o resultado no Maraca, caso haja um resultado adverso lá. Temos que subir a montanha para jogar contra eles de igual pra igual, e com o objetivo de ganhar o jogo lá.

Medo? É bom ter, sim, nem que seja um pouco. Porque, como eu já disse antes, a dose certa do medo nos faz entrar ligados, fortes, unidos, como fizemos em TODOS os jogos à vera até agora. Tivemos medo do Adriano, e nos dois segundos que ele teve livre, fez dois gols – mas foi só, e fomos gigantes para superá-los. Tivemos medo de Riquelme, Palácio e Palermo, e isso nos fez marcar os caras como eles nunca foram marcados na vida. Agora é a hora de ter medo do Guerrón, do Vaca e do Manso – para que Thiago Silva, Luiz Alberto, Ygor, Cícero, Arouca, e todos saibam exatamente o que vem por aí.

Faltam 12 dias. Parece que faltam 12 meses. Essa paralisação é um saco, porque desvia o foco. Mas daqui a pouco faltarão 12 horas. E logo menos estaremos em campo para o jogo mais difícil e mais importante dessa Libertadores. A melhor forma de aproveitar o tempo e de demonstrar todo o respeito pela instituição “Final da Libertadores” é treinar como nunca treinaram antes; jogar no Brasileiro como se fosse a Libertadores*; ir ao Maracanã torcer os 90 minutos; e ter a torcida focada 200% do tempo no jogo lá em Quito.

A vitória não virá ao nosso encontro; nós vamos ter que ir até lá buscá-la na marra. Como sempre.

Saudações Tricolores

*Observação: uma pequena dose de nostalgia. No colégio tínhamos uma equipe de futsal boa demais, fruto do trabalho de longo prazo dos treinadores (Fernando e Beto). Eu lembro que eles falavam que nosso comportamento nos treinos seria refletido em quadra, na hora da verdade. Que levar o treino de finalização na sacanagem, tentando um drible a mais ou o gol mais bonito, significaria não ter a frieza e a automatização da conclusão na hora que pintasse aquele lance único pra resolver o jogo. Isso pra mim é muito verdade. E fica como lição: ou o time titular continua treinando e passa a jogar o Brasileiro a sério, dividindo todas as bolas, correndo e chutando como se fosse um jogo decisivo, ligado até o apito final, ou vai desacostumar o corpo e a mente à seriedade necessária à Final. Concentração! Agora é a nossa hora!

Saudações Tricolores, de novo (nunca é demais).
Fábio Sá - Fluminense

Um comentário:

Regina Vilella disse...

MESMO SENDO FLAMENGUISTA ESTOU TORCENDO MUITO PARA SEU TIME,BOA SORTE E BOA VIAGEM. LINDA SUA MENSAGEM PARA O SEU TIME.BJS