Isso sim é um desafio. Ter que escolher um Carioca inesquecível. Poderia muito bem falar do Tri Estadual da época do Valdir Bigode ("Recordar é viver o Valdir acabou com você") e suas tabelas infernais com Yan, Dener, Gian e até Jardel! Esse sim um verdadeiro carrasco para os tricolores em 94, fazendo dois gols no seu melhor estilo: sem querer.
Mas não, não vou falar dessa época não. Deixa para os tricolores.
Quem sabe eu fale do ano do centenário! Vejam só, um Carioca que nem precisou de final porque ganhamos os 2 turnos em pleno centenário (chora, menguinho). Não teve nenhuma barriga alimentada de uma churrascaria que o símbolo é um porco (Pode fazer propaganda aqui?) para encostar na bola nos minutos finais. Porque no nosso centenário a gente teve orgulho de sobra, isso sim, para bater no peito, pressionando a cruz de malta no coração, e gritar "Eu sou campeão no centenário". E olha que aquele gol do Mauro Galvão no Bangu era só o começo de conquistas daquele ano.
Mas não, não vou falar dessa época não. Deixa para os flamenguistas.
Então resolvi entrar em minha memória, no melhor estilo "Quero Ser Leo Valpassos", desci no andar 7 ½ da minha cabeça e encontrei lá o Campeonato Carioca de 2003. Então aí segue a conversa que eu tive com um Leo Valpassos mais novo, com seus 18 anos, bem menos cabeludo e com mais saúde, é verdade. Solto o verbo aí.
"Pois é, cara. Aquele ano foi foda. Você lembra né? Tínhamos despachado o menguinho na Taça Guanabara, naquela final que eles levaram um gol do Wellington Monteiro. Os caras levaram gol do Wellington Monteiro, Leo!!! Que isso?! Com um grande passe do Marcelinho, é verdade, que jogou muito naquele campeonato.
Então depois de mais vitórias chegamos àquela famosa final cheia de personagens.
Eram 16:33, do dia 23 de março de 2003, e eu vestia minha camisa do centenário do Vasco. Você conhece bem essa camisa não é verdade, amigo? Olhava no espelho e confirmava mais uma vez como aquilo me caía bem. Batia a mão no peito e saía de casa.
Caminhava na rua orgulhoso, entre gritos de Vasco e pouquíssimos gritos de provocações (acho que os tricoletes estavam sentindo já o que ia acontecer). Ainda mais que já tínhamos vencido o primeiro jogo por 2x1. Então, continuava minha clássica andança de casa até a casa de espetáculos que meu time do coração tinha reservado aquele ano. Fogos, ambulantes, sirenes, flanelinhas e claro, cambistas. Todos estavam lá. E pareciam que estavam na mesma marcha, em direção a UERJ (que merda de arquitetura hein, Conde).
Eram 17:17, e eu tentava ser mais magro pra me infiltrar no meio daquele curral humano que é a entrada de uma torcida grande no Maracanã. E pensava: "Do outro lado deve estar tranquilo, tranquilo".
17:32, e abraçava meu amigo por termos conseguido entrar a tempo. Próxima batalha era achar lugar na arquibancada. "Haja coração!" diria o Galvão. Primeira entrada? Não. Segunda entrada? Não. Terceira entrada? Só se eu fosse um somaliano. Vigésima terceira entrada? É, é o jeito.
Agora 17:58, e tínhamos conseguido um lugar honrado na escada. Vai aqui mesmo. Meu pai e meu irmão estavam em alguma parte daquele mundo chamado Maracanã. Que naquele momento estava mais para Estação Estácio do Metrô: tendo que pegar senha para poder levantar o braço. E lembre-se que o jogo nem tinha começado...
Mais alguns minutos de ansiedade e enfim o espetáculo teve início com personagens como Samir Yarak, Léo Lima, Souza, Renato Gaúcho, Alex Oliveira e Antônio Lopes.
E logo no começo, o Djair esquece que juiz é neutro, tabela com ele e deixa a bola para o Marcelinho Carioca bater com aquela curva convexa e côncava ao mesmo tempo que se juntasse Einstein, Newton e Ubirajara (meu professor de física do terceiro ano), eles não saberiam explicar o que foi aquilo. Então o goleiro deles espalma nos pés do Léo Lima....Resultado: um gol no placar e um tornozelo torcido na escada da arquibancada de tanta comemoração.
Aí começaram aquelas confusões daquele juiz (Samir Yarak) que tinha mais nome de líder do Hamas do que de filho de uma profissional do sexo. Se bem que final de Carioca é uma guerra mesmo. Então o cara anula um gol legítimo dos tricolores e depois valida um ilegal. Tricolores, não reclamem não, que os jogadores do seu time falaram para o bandeirinha mais palavrões que uma música de funk. E ninguém foi expulso ali. Porque o líder palestino só foi expulsar quando não devia, botando pra fora o Pé-de-anjo e aquele cara que só é craque no Fluminense: o Marcão.
Só que aquele 1x1 quente, bagunçado, se animou ainda mais com o Alex Oliveira (já no Fluminense) fazendo cera na lateral fingindo estar machucado e o Antônio Lopes jogando uma bola nele. Foi errada aquela atitude? Sim. Mas que foi engraçado foi, pode admitir. Então o Samir Yarak dá um cessar-fogo no jogo, para tudo por alguns minutos. E a nossa torcida aproveita que a Globo está transmitindo e começa a cantar: "Ão, ão, ão, é o Show do Milhão"; "No ar, Domingo Legal. No ar, Domingo Legal", "Ritmo, é ritmo de festa". E depois eu fiquei sabendo, por quem viu o jogo em casa, que a Globo ocultou os microfones da torcida do Vasco. (hahahhahahahahahhaha!!!).
Deu pra ver que era só festa. E ainda faltava o grand finale. Então o jogo volta e o Léo Lima pega a bola pela esquerda. De repente ele faz um passo de tango, uma expressão corporal de algum país do oriente, um movimento digno de estudo de alguma revista de ciência, um passe que a imprensa preferiu chamar de letra. E ainda tendo o Renight como espectador de camarote.
Esse lance deve ter demorado uns 30 minutos. A bola ficou no ar por muito tempo, devagar, típica de desenho animado. E enquanto ela fazia a sua trajetória de parábola sorridente ao inverso, já que o lance deixou todo mundo de cabeça pra baixo mesmo, no melhor estilo "o que que ele está fazendo", eu gritava "Porrrraaa, Léo Lima" seguido de um "Ehhhhhhhhhhhhhh, Léo Lima, gooooooooollllllllllllllllll". Por que depois da bola durar meia hora no ar, ela caiu como um foguete na cabeça do Cadu que ajeitou para o Souza que só colocou pra dentro e fez o sinal, na sua comemoração, que os tricolores temiam. Acabou pra vocês.
É verdade que numa situação normal, aquela bola ia pra fora se não fosse o Cadu. Mas o lance foi tão maravilhoso que era capaz de o campo ser um pouco maior só naquele momento para não desperdiçar um lance tão raro.
Então tava decretado o "É campeão!!!". Taça na mão dos jogadores, cerveja nas nossas e fui comemorar uma rodada para cada herói daquele triunfo. Dá pra imaginar como zzcheguei em casa né? Feliz demais!
É, Leo e Léo Lima. Acho que é mais ou menos isso que eu me lembro."
É, rapaz. E pensar que o Léo Lima está de volta para o Carioca. Não é não, tricolores?
10 comentários:
Recordar é viver, o Leo Lima acabou com vc!!!!
Tricoletes... podem pegar nossos jogadores, mas nossa camisa nunca terão! Eterno freguês!!!
Legal lembrar esse título porque ele foi o último do Vasco que, com seis anos de jejum, é o clube brasileiro, dentre os 12 grandes (aqui sendo complascente porque coloco times de segunda divisão entre os grandes), o que está há mais tempo sem ganhar algum título, seja ele um reles estadual ou uma Copa do Brasil.
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Parabéns para você!!!
Felipe apareceu nos comentários depois de décadas... bem-vindo de novo!
Não entendi esse de 12 grandes, incluindo times da 2º divisão. Incluiu da 3º divisão nessa lista tbm?
Se for contar tempo sem ganhar títulos, vamos parabenizar o grande fluzão alguns anos sem brasileiro e todos os anos sem a tão sonhada libertadores.
Graaaaaande Fluzão, o mais botafogo dos times do Rio!!!
Libertadores, nunca terão!!!!
5 minutos de "Dá-lhe dá-lhe dá-lhe o meu Vascão" girando as blusas para o alto. Me arrepio até hoje.
Jogo de dois times. Jogo de uma torcida.
Verdade! Bem lembrado, Xande!
A torcida não parava de girar a camisa e cantar. Não era um canto e para, depois outro canto e para. Foram minutos sem parar.
Fiquei até sem fôlego.
Infelizmente a torcida tricolete não pôde ver isso. Uma pena.
Leo Lima está de volta, fez uma partida ridícula, assim como o time do vasco todo... Foi engraçado.
Feliz 2009 pra vcs!
Eu tava nesse jogo (é claro) e lembro do lance do Leo Lima na minha frente (eu tava naquela bandeira de córner). Passe sensacional mesmo, na hora que a bola saiu do pé dele eu sabia que ali já era.
Mas o Fluminense daquele ano tinha um time horroroso. Tanto é que quase fez que nem o vasco fez ano passado no Brasileiro. Quase caiu.
A gente chegou àquela final só Deus sabe como, porque com aquele time, só por muita incompetência do fogão e da imundície mesmo, pra não tomarem a nossa vaga na final.
Com aquele título, o vasco passou o botafogo e chegou a 20 estaduais. Ta tranquilo, pode ficar.
Leo Lima e Valdir são meus carrascos? Beleza, carrascos de estadual, grandes merda. Eu sou campeão brasileiro em cima de vocês, com gol de Romerito, o melhor estrangeiro que já jogou um Brasileirão (eleito pela Placar, não por mim). Isso é que é carrasco. Não viram? Foda-se - nascescem antes; eu não tenho nada com isso.
Abraços e
Saudações Tricolores
Sá, recomendo um post seu nos apresentando esse tal de Romerito... conheço nao
Só para deixar claro sobre ser ou nao freguês. A Flor é fregues do Vasco onde quer q esteja(menos saltos ornamentais)...
19 vitórias a mais... corre q até 2020 vcs tem chance.... Corre!!!!
Po, Romerito também não conheço não. Vou perguntar pro meu pai.
Conheço Ézio, Paulinho Mclaren, Magno Alves.
Assim, como conheço Bebeto, Edmundo e Romário.
Entre Estadual e Brasileiro, prefiro o segundo mesmo.
Obrigado.
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